Ao menino Jesus
Hoje é dia de Natal
Mas o menino Jesus
Nem sequer tem uma cama,
Dorme na palha onde o pus.
Recebi cinco brinquedos
Mais um casaco comprido.
Pobre menino Jesus,
Faz anos e está despido.
Comi bacalhau e bolos,
Peru, pinhões e pudim.
Só ele não comeu nada
Do que me deram a mim.
Os reis de longe trazem
Tesouros,incenso e mirra.
Se me dessem tais presentes,
Eu cá fazia uma birra.
Às escondidas de todos
Vou pegar-lhe pela mão
E sentá-lo no meu colo
Para ver televisão.
Uma Vaca Chamada Estrelinha
Lado a lado viviam o primo Zé mais o primo Barnabé.
Cada qual tinha a sua casa de pedra escurecida, apanhada aqui e além, pelas serranias, cada qual a sua horta de pobre, com o milho a crescer junto às batatas, couves repolhudas roídas pelos caracóis, meia dúzia de galinhas a debicarem à solta. E cada qual tinha o seu sonho também.
- Ah!, se eu tivesse uma vaca! - dizia o primo Zé -, não era eu que engolia este café aguado. Havia de beber uma boa caneca de leite.
- E não seria o Barnabé a roer pão seco. Não! Havia de guardar as natas para fazer manteiga, havia de ir buscar cardos ao monte para talhar o leite e preparar queijos de se lhes tirar o chapéu.
O primo Zé coçava a cabeça, o primo Barnabé repuxava o bigode, pois bem sabiam que era sonho alto de mais para tão pequenas economias.
No entanto, mal se encontravam voltava a mesma conversa.
- Farta-se a gente de suar e esta terra não dá nada. O milho seca antes de criar espiga, a batata é miúda e engelhada, as couves mais duras do que caniços - lamentava-se um.
- Tivéssemos nós uma vaquinha isto andaria que nem um brinco. Adubava-se a preceito, com bom estrume, e era ver as plantas crescerem, os milhos dobrarem ao peso das maçarocas, as sacas encherem-se de batatas, as couves tornarem-se tenras, viçosas que nem flores - exclamava o outro.
Assim passaram semanas, meses, anos. Chegado Outubro, marchavam para a feira a vender o que granjeavam, com a carteira magra no bolso do casaco. Lá se ia o dinheiro em sementes, em pás e enxadas, lá se gastava num casal de coelhos, numa cabra, num porco para a engorda.
Não deixavam por isso de parar diante das vacas de trabalho, amarelas, musculosas, de grandes chifres revirados, das gordas vacas leiteiras, todas malhadas, de pequenos chifres e grandes olhos meigos, resignados.
Primo Zé apalpava a carteira, primo Barnabé apalpava a carteira.
- Ah!, se eu tivesse oito notas de mil, Barnabé.
- Quatro contos ainda eu arranjo...
- Outros quatro, eu! - atalhou o primo.
- E se comprássemos a meias aquela vaca?
Era uma estampa: branca e preta, de raça turina, muito luzidia, com uma estrela preta na testa e uma estrela branca no lombo.
Resolvido o negócio, ataram-lhe uma corda ao pescoço e deitaram pernas ao caminho.
Temos uma vaca
Chamada Estrelinha.
Metade é tua,
metade é minha.
Cantarolavam com bom humor.
Chegados ao seu destino, fizeram-lhe um curral - metade na terra de um, metade na terra de outro - e aí instalaram a Estrelinha, vaidosa que nem princesa num palácio.
Então, contemplando a obra, o primo Zé exclamou:
- Comprámos a vaca a meias, mas ainda não decidimos qual metade será a minha - a da cabeça ou a do rabo.
- Mas que pergunta! Se queres que te diga, a cabeça sempre é mais airosa, mais limpa, mas a mim tanto me faz.
- Então eu fico com a parte de trás.
No dia seguinte, logo de manhã, primo Barnabé encontrou o Zé a mungir a vaca. Zumba que zumba, era apertar-lho as tetas que o leite jorrava num esguicho. Já enchera uma vasilha até ao gargalo. E para o carrinho de mão acarretava duas pazadas de estrume.
- O meu trabalho está pronto! - disse o madrugador, esfregando as mãos de contente. - Cabe-te a ti, agora, dar a ração ao animal, visto ele comer com a boca, e essa parte não me pertence.
Ficou abismado o primo Barnabé, mas lá veio com seu carrego de palha, de fava, de erva, enquanto o outro batia manteiga e fazia queijos para ir vender.
Enriquecia o segundo, empobrecia o primeiro, matutando na triste sorte que lhe coubera. A parte da frente da vaca só dava gastos, a de trás rendia um dinheirão. Até que teve uma ideia...
- Ó primo - disse ele -, fartei-me da minha meia vaca. Desde que a comprei que não passo da cepa torta, que não provo um naco de carne. Ao menos hoje vou regalar-me com bifes!
E pôs-se a afiar um facalhão para cortar a vaca ao meio. Mas esta é que não gostou da proposta. Atirou dois coices ao Barnabé, uma marrada ao Zé e fugiu pela porta escancarada.
Assim acabou a história.
De uma linda vaca
chamada Estrelinha.
Metade é tua,
metade é minha.
Trabalho elaborado por: Francisco Pestana, nº 8; Gabriel Valadas, nº 9; Gonçalo Rodrigues, nº 10; Miguel Gil, nº 19.
Turma 5ºC
Hoje é dia de Natal
Mas o menino Jesus
Nem sequer tem uma cama,
Dorme na palha onde o pus.
Recebi cinco brinquedos
Mais um casaco comprido.
Pobre menino Jesus,
Faz anos e está despido.
Comi bacalhau e bolos,
Peru, pinhões e pudim.
Só ele não comeu nada
Do que me deram a mim.
Os reis de longe trazem
Tesouros,incenso e mirra.
Se me dessem tais presentes,
Eu cá fazia uma birra.
Às escondidas de todos
Vou pegar-lhe pela mão
E sentá-lo no meu colo
Para ver televisão.
Uma Vaca Chamada Estrelinha
Lado a lado viviam o primo Zé mais o primo Barnabé.
Cada qual tinha a sua casa de pedra escurecida, apanhada aqui e além, pelas serranias, cada qual a sua horta de pobre, com o milho a crescer junto às batatas, couves repolhudas roídas pelos caracóis, meia dúzia de galinhas a debicarem à solta. E cada qual tinha o seu sonho também.
- Ah!, se eu tivesse uma vaca! - dizia o primo Zé -, não era eu que engolia este café aguado. Havia de beber uma boa caneca de leite.
- E não seria o Barnabé a roer pão seco. Não! Havia de guardar as natas para fazer manteiga, havia de ir buscar cardos ao monte para talhar o leite e preparar queijos de se lhes tirar o chapéu.
O primo Zé coçava a cabeça, o primo Barnabé repuxava o bigode, pois bem sabiam que era sonho alto de mais para tão pequenas economias.
No entanto, mal se encontravam voltava a mesma conversa.
- Farta-se a gente de suar e esta terra não dá nada. O milho seca antes de criar espiga, a batata é miúda e engelhada, as couves mais duras do que caniços - lamentava-se um.
- Tivéssemos nós uma vaquinha isto andaria que nem um brinco. Adubava-se a preceito, com bom estrume, e era ver as plantas crescerem, os milhos dobrarem ao peso das maçarocas, as sacas encherem-se de batatas, as couves tornarem-se tenras, viçosas que nem flores - exclamava o outro.
Assim passaram semanas, meses, anos. Chegado Outubro, marchavam para a feira a vender o que granjeavam, com a carteira magra no bolso do casaco. Lá se ia o dinheiro em sementes, em pás e enxadas, lá se gastava num casal de coelhos, numa cabra, num porco para a engorda.
Não deixavam por isso de parar diante das vacas de trabalho, amarelas, musculosas, de grandes chifres revirados, das gordas vacas leiteiras, todas malhadas, de pequenos chifres e grandes olhos meigos, resignados.
Primo Zé apalpava a carteira, primo Barnabé apalpava a carteira.
- Ah!, se eu tivesse oito notas de mil, Barnabé.
- Quatro contos ainda eu arranjo...
- Outros quatro, eu! - atalhou o primo.
- E se comprássemos a meias aquela vaca?
Era uma estampa: branca e preta, de raça turina, muito luzidia, com uma estrela preta na testa e uma estrela branca no lombo.
Resolvido o negócio, ataram-lhe uma corda ao pescoço e deitaram pernas ao caminho.
Temos uma vaca
Chamada Estrelinha.
Metade é tua,
metade é minha.
Cantarolavam com bom humor.
Chegados ao seu destino, fizeram-lhe um curral - metade na terra de um, metade na terra de outro - e aí instalaram a Estrelinha, vaidosa que nem princesa num palácio.
Então, contemplando a obra, o primo Zé exclamou:
- Comprámos a vaca a meias, mas ainda não decidimos qual metade será a minha - a da cabeça ou a do rabo.
- Mas que pergunta! Se queres que te diga, a cabeça sempre é mais airosa, mais limpa, mas a mim tanto me faz.
- Então eu fico com a parte de trás.
No dia seguinte, logo de manhã, primo Barnabé encontrou o Zé a mungir a vaca. Zumba que zumba, era apertar-lho as tetas que o leite jorrava num esguicho. Já enchera uma vasilha até ao gargalo. E para o carrinho de mão acarretava duas pazadas de estrume.
- O meu trabalho está pronto! - disse o madrugador, esfregando as mãos de contente. - Cabe-te a ti, agora, dar a ração ao animal, visto ele comer com a boca, e essa parte não me pertence.
Ficou abismado o primo Barnabé, mas lá veio com seu carrego de palha, de fava, de erva, enquanto o outro batia manteiga e fazia queijos para ir vender.
Enriquecia o segundo, empobrecia o primeiro, matutando na triste sorte que lhe coubera. A parte da frente da vaca só dava gastos, a de trás rendia um dinheirão. Até que teve uma ideia...
- Ó primo - disse ele -, fartei-me da minha meia vaca. Desde que a comprei que não passo da cepa torta, que não provo um naco de carne. Ao menos hoje vou regalar-me com bifes!
E pôs-se a afiar um facalhão para cortar a vaca ao meio. Mas esta é que não gostou da proposta. Atirou dois coices ao Barnabé, uma marrada ao Zé e fugiu pela porta escancarada.
Assim acabou a história.
De uma linda vaca
chamada Estrelinha.
Metade é tua,
metade é minha.
Trabalho elaborado por: Francisco Pestana, nº 8; Gabriel Valadas, nº 9; Gonçalo Rodrigues, nº 10; Miguel Gil, nº 19.
Turma 5ºC